segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Paraíso (não tão) escondido

Vivo escondida do tumulto do mundo, longe dos grandes centros urbanos, escapando das lojas com logos brilhantes, dos carros com vidros fumê que ocultam rostos e das pessoas insistentes em cumprimentar o chão. Por vezes, nós escondidos, tentamos não parecer tão atrasados aos olhos dos outros, absorvendo informações que nada tem a ver com nosso cotidiano, comprando as tendências mais atuais e discutindo temas culturais que estão a milhares de quilômetros. Em outras circunstâncias nosso maior desejo é mostrar a esses mesmos olhos que as relações com nossos humanos mais chegados podem ser facilitadas, com uma troca de favores ou entre conversas fiadas.
Não exatamente por escolha pessoal de muitos, mas o consumo consciente também faz parte dessa rotina - nossa exposição aos últimos itens da moda ainda está bem precária, porém como ao contrário do que você possa imaginar, temos acesso a internet o que não impossibilita por completo as compras de produtos menos divulgados, moramos em uma cidade pequena não em uma tribo indígena no interior da floresta amazônica.
Sabe o que mais? Admiro o caminhar lento dos que passam pelas ruas, nada aqui vai mais ligeiro do que deveria, tudo tem um lugar garantido, nossas leis de trânsito são feitas pelo nosso bom senso, sem interferência sonora ou luzes com cores que garantem nosso direito de ir e vir.
Explicando assim parece um paraíso, as vezes parado, bucólico, mas o adjetivo de lugar parado é, repetindo a frase: pré concebido aos olhos dos outros, sim, os outros: seres de planetas que não fazem parte de um contexto e que acabam dando opiniões sem saber de nada. Porém, melhor não tomar conhecimento de tantos seres com opiniões furadas, prefiro meu mundinho que insiste em escapar do óbvio, dos movimentos sem pressa e julgamentos precisos sobre o que fazemos parte.

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